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Bronquiolite causa preocupação aos pais no inverno

Quarta, 02 de Agosto de 2023
Bronquiolite causa preocupação aos pais no inverno

Bronquiolite é uma infecção viral aguda e alto limitada potencialmente grave, caracterizada por inflamação e obstrução respiratória, predominantemente de bronquíolos terminais. Ocorre em crianças menores de dois anos, com pico de incidência entre dois e seis meses e maior frequência até o segundo ano de vida. A doença é mais comum em meninos e recorrente no outono e inverno.

Otávio Barbieri Rizzi (4) contraiu bronquiolite duas vezes. A primeira, com apenas 26 dias de vida e a segunda com seis meses. Segundo a mãe, Daniela (38), os sintomas foram dificuldade para respirar e chiado no peito, sendo que na primeira vez a dificuldade de respirar foi maior. Foi então, que procurou ajuda médica e marcou uma consulta com a pediatra Izenara Penna Fuhr.

A especialista diagnosticou que Otávio estava com a doença pelas queixas clínicas descritas pela mãe. “Na primeira vez, a saturação dele estava em 77 e precisou de oxigênio. Ele ficou internado no Hospital Beneficente Santa Terezinha (HBST), em Encantado, por oito dias”. Segundo a mãe, na segunda vez o tratamento foi realizado em casa, via oral. Os episódios de bronquiolite duraram cerca de sete dias até finalizar o tratamento. Contudo, alguns sintomas permaneceram por mais dias até a criança se recuperar totalmente.

Daniela relata quais os cuidados que a família teve. “Passava pano com álcool 70 por toda a casa. Tirei todos os bichos de pelúcia e tapetes e lavávamos as mãos toda vez que fossemos pegá-lo no colo”. Hoje, o menino também desenvolveu rinite e sinusite. “Não temos mais cortinas e tapetes. Quando limpo a casa, uso sempre álcool e evito que ele tenha contato com fumaça”, explica.

Segundo Izenara, a bronquiolite é a doença mais comum do trato respiratório inferior no primeiro ano de vida. Pode acometer até 30% das crianças que mamam no peito e a maioria dos casos é leve. Destes 30%, aproximadamente 2% dos casos exige internação, de 10 a 15% necessitam de UTI e a mortalidade atinge 0,5%.

A médica salienta que até 80% dos casos são causados pelo Vírus Sincial Respiratório e o restante devido à influenza A, e demais vírus menos comuns. Os sintomas são: obstrução nasal; tosse, que evolui para dispneia; ronco; sibilos, popularmente conhecidos como chiado; crepitações, além de irritabilidade e dificuldade para se alimentar. “A bronquiolite inicia como uma infecção trivial de vias aéreas superiores, febre baixa e tosse leve, coriza e congestão nasal, mas pode haver progressão nos dias subsequentes com comprometimento de vias aéreas inferiores, cursando com esforço e aumento da frequência respiratória”, detalha Izenara.

A febre pode estar presente em até 50% dos casos, mas, normalmente, é baixa. Pode haver a falta de oxigenação no sangue, mesmo sem dispnéia e esforço respiratório significativo. Por isso, a saturação é fundamental para o diagnóstico, avalia a gravidade e evolução da doença.

Diagnóstico e vacinação

O diagnóstico é clínico pelos sintomas que a criança vai apresentando, considerando a história e o exame físico. Existem, ainda, fatores de risco para a doença: idade abaixo de três meses; prematuros com menos de 32 semanas de gestação; crianças que frequentam creches ou berçários; exposição ao tabaco; irmãos em idade escolar; crianças com cardiopatia congênita, displasia broncopulmonar, anomalias congênitas, imunodeficiência ou doenças neuromusculares. "É importante ressaltar que o aleitamento materno tem efeito profilático importante e crianças amamentadas no seio tem risco três vezes menor de apresentar bronquiolite ou complicações da doença", frisa a médica.

Por ser uma doença contagiosa, a transmissão é mais elevada em aglomerações em locais fechados. O ar seco e frio agrava a função ciliar e a resposta antiviral também exerce influência na transmissão e na gravidade da bronquiolite. Conforme a especialista, estimular o aleitamento materno até os dois anos, lavar as mãos ou usar álcool em gel, não expor ao tabaco, evitar ambientes fechados e aglomerados, evitar o contato com crianças menores de três meses se resfriadas e não permitir que a criança com febre ou resfriado vá à creche, são medidas preventivas.

Quanto à imunização, existe uma vacina visando à prevenção contra formas graves da infecção pelo vírus. É indicada para crianças com menos de um ano, que nasceram prematuras, com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas; crianças com até dois anos, com doença pulmonar crônica da prematuridade; no segundo ano de vida deve ser considerada indicação de profilaxia durante a sazonalidade do vírus em crianças com cardiopatia congênita, que permanece com repercussão hemodinâmica com necessidade de uso de medicamentos específicos; crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade e que continuem o uso do oxigênio ou de corticoide durante os seis últimos meses.

Izenara orienta para os cuidados que os pais devem ter com a criança antes e depois de contrair a bronquiolite. “Evitem que estejam expostas a aglomerações, ambientes fechados, contato com adultos e crianças gripadas, lavem as mãos antes e depois que entrar em contato com a criança; usem álcool em gel, mantenha a casa arejada e limpa, mantenha a criança hidratada, mantenha o aleitamento materno e a boa alimentação”.

Casos nos hospitais da região

No HBST, em Encantado, em 2022 foram 207; em 2023 foram 124 internações de crianças de zero a um ano, onde a predominância do diagnóstico está relacionada às infecções respiratórias. No Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, em 2022 foram 1.132 atendimentos com sintomas gripais e 98 internações com bronquiolite. Neste ano, até o momento, foram 606 atendimentos com sintomas gripais e 135 internações com bronquiolite. No Hospital Estrela, da Divina Providência, em 2022 foram internados 48 pacientes com diagnóstico de bronquiolite. De janeiro a junho de 2023, foram 29 internações. Todos os casos envolvem crianças de zero a dois anos.

No Hospital Roque Gonzales, de Roca Sales, não há a internação de crianças, sendo atendidas no HBST. Em Nova Bréscia, no Hospital São João Batista, conforme contato com a secretaria, houve um aumento nesse tipo de atendimento, porém, os dados não foram divulgados. No Hospital Beneficente Nossa Senhora Aparecida, em Muçum, foram dois casos no ano passado e um este ano, onde foi realizado o primeiro atendimento e as crianças foram transferidas para o HBST, referência pediátrica.

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Texto - Jornalista, Aline Dartora/Jornal Opinião 
Foto - Aline Dartora 

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