
Falar sobre autismo já faz parte da sociedade em geral. O tema está presente não apenas no cotidiano das famílias que convivem com autistas, mas nos órgãos, instituições e entidades relacionadas à saúde, à educação e ao bem-estar social. Buscar alternativas para acolher, cuidar e inserir autistas no convívio dos espaços além da família, é o novo desafio da sociedade. Conforme a vereadora Jaquisele dos Santos, medidas simples podem contribuir muito com o bem-estar dos autistas, como é o caso do sinal sonoro nas escolas. “O som estridente das campainhas é um tormento para as crianças com espectros autistas; substituí-lo por um sinal sonoro que chame a atenção de todos os alunos sem agredir a audição dos autistas é uma proposta que buscamos implantar junto à Secretaria Municipal de Educação, à direção das escolas particulares e à coordenação estadual”, explica Jaqui. A primeira medida foi obter a aprovação dos colegas vereadores. Via Requerimento sugerindo a elaboração de um projeto de lei que regulamente a substituição, apresentado na sessão de 27 de março, a proposta foi acolhida pelos colegas, assim como outras duas ações: a implantação da carteirinha de identidade autista municipalizada e a realização de uma roda de conversa sobre autismo, na comunidade. A secretária municipal de Educação, Liane Werner Capalonga, acolheu a ideia de substituir a campainha das escolas por sinal sonoro. Entretanto, destacou que é preciso avaliar qual o tipo de som que atenda a necessidade de todos os alunos. “Temos que chamar a atenção de todos os perfis de estudantes”, explica. Liane e Jaqui buscam juntas, com a orientação de profissionais, encontrar o tipo sonoro que mais se ajusta a essa demanda.
Carteirinha dos autistas
Desde 29 de março, a Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Câmara de Vereadores, está emitindo Carteiras de Identificação do Autista na versão municipalizada. A iniciativa é fruto da Lei Municipal 2.003/22, aprovada em outubro do ano passado. Por meio da carteirinha, o município poderá obter o controle sobre quantas pessoas com espectro autista existem residem na cidade, em qual localidade residem, que idade têm, qual é o nível do autismo, entre outras informações que servirão de base para a criação ou ampliação das políticas públicas de saúde voltada para essa população. Conforme a vereadora proponente da medida, Jaquisele dos Santos, as carteirinhas darão ao autista a prioridade no atendimento e nos acessos aos serviços públicos e privados de saúde, educação e assistência social. Jéssica de Souza Lima é a mãe do Kauan e ele foi uma das primeiras crianças autistas a receber sua carteirinha municipalizada. Além dele, as mães de Davi e de Pedro também já garantiram a documentação de seus filhos. Levantamento prévio aponta 23 autistas nas escolas municipais de ensino fundamental e seis nas de educação infantil. Nas creches municipais ainda não foi feito o levantamento. A vereadora Jaquisele, proponente das ações da Semana Municipal do Autista, destacou que a emissão das carteirinhas municipalizadas, por exemplo, ocorreu a partir do pedido de uma mãe de autista. “Se cada um trouxer um novo olhar para a causa, propor melhorias para o conforto das crianças, todos ajudarão a construir uma nova realidade para as pessoas autistas”, completa.
Roda de conversa sobre o tema
Na Semana Mundial de Conscientização sobre o Autismo a Câmara de Vereadores também promoveu uma roda de conversa sobre o tema. Realizado em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, o encontro foi realizado no Clube de Roca Sales e contou com o debate entre o médico psiquiatra Bruno Schönofhen e a mãe de autista, Alice Barden. Eles destacaram a importância das pequenas ações em prol do bem estar dos autistas, parabenizaram o município por ter abraçado a causa e enalteceram o empenho das famílias, em especial das mães, que mesmo com suas cargas de trabalho e afazeres domésticos, conseguem superar os desafios e garantir que seus filhos autistas tenham mais qualidade de vida, conforto e recursos para aprender e desenvolver habilidades a partir de suas vivências e características.
TEXTO - Lívia Oselame
FOTO – Divulgação/Lívia Ozelame