Os vereadores de Encantado adotaram um discurso parecido e elevaram o tom das cobranças contra o prefeito Adroaldo Conzatti na sessão desta semana. O principal motivo refere-se à necessidade de priorizar e aumentar a destinação de recursos na área da saúde, sobretudo, na conclusão das obras da UTI do Hospital Santa Terezinha, em virtude das projeções de avanço da pandemia do coronavírus.

Para os parlamentares, esta deve ser a obra número 1 do governo, deixando os investimentos em infraestrutura para um segundo plano.

- O foco no mundo hoje é a saúde. Com esse momento delicado no município e fazendo obras de asfalto na Linha Azevedo? - criticou Valdecir Cardoso (PP).

Os políticos acordaram em encaminhar um ofício ao Executivo em busca de explicações.

- Queremos saber qual o valor que a Prefeitura vai colocar lá dentro (UTI). Porque pedir para todo mundo, estamos pedindo. Agora, ficar gastando R$ 1 milhão aqui, R$ 2 milhões lá, R$ 3 milhões! Vai fazer a gente ficar com cara de quê? Nós estamos indo atrás -  desabafou o presidente Diego Pretto (PP).

- O Judiciário dando R$ 575 mil e o Executivo quieto que nem gato castrado? Não, não. Precisamos saber quanto o Executivo tem para investir na UTI - completou Cláudio Roberto da Silva (MDB).

A expressão “indo atrás” do presidente Diego refere-se ao trabalho dos vereadores na articulação junto aos deputados federais para a conquista de emendas parlamentares. Segundo os próprios políticos, recentemente, Encantado recebeu cerca de R$ 500 mil para serem aplicados na secretaria da Saúde. E até nesse aspecto sobrou para Conzatti.

- A pessoa que mais está cobrando do diretor do hospital para que a UTI fique pronta é justamente o prefeito, que até este momento não conquistou recursos de sua bancada, o PSDB, em Brasília. Não adianta querer colocar o diretor do hospital contra a parede - argumentou Marino Deves (PP).

- O que os deputados do PSDB mandaram de emendas para o nosso município? - provocou Valdecir Cardoso (PP), em referência ao partido do prefeito.

“A melhor legislatura da história” 

Outra cobrança dos políticos sobre Conzatti recai sobre um maior reconhecimento ao trabalho dos legisladores, principalmente, pela conquista de verbas federais que beneficiam diversas obras no município. - É a melhor legislatura da história - repetiam os parlamentares em vários momentos. A mais indignada era Andresa de Souza/Yê (MDB).

- Somos tratados como vereadores bunda-moles por parte do Executivo. É uma falta de respeito. Vamos a Brasília em busca de recursos e o vereador é visto como gastador de diárias. O prefeito não divulga a informação completa - comentou Yê, que ainda mostrou-se chateada pelo fato de a Administração Municipal ter inaugurado a nova sede do CRAS sem conhecimento dela.

- Eu e o Celso (Cauduro) conseguimos o recurso do CRAS por intermédio do deputado Darcisio Perondi. A comunidade sabe de onde vem esse dinheiro? Ou estão pensando que é o prefeito que está colocando o dinheiro? Não é. Parabéns a todos os vereadores. Lamentar o fato de o prefeito querer assumir tudo, dizer que ele faz tudo, que ele pode tudo. Estamos aqui como onze abobados - desabafou.

Para Celso Cauduro, o prefeito falha ao não se comunicar com as pessoas que lhe ajudam.

- Ele é um baita administrador, mas não consegue formar um grupo, não consegue ter a confiança do grupo, porque faz as coisas sem comunicar - disse. Cauduro também revelou que não tinha conhecimento do início dos trabalhos de revitalização da Lagoa da Garibaldi, obra que teve recursos conquistados por ele e Yê junto ao deputado Mauro Pereira.

- O Mauro não ia mais repassar o valor (cerca de R$ 350 mil). Ele perdeu as eleições com a promessa do Adroaldo que na linha Garibaldi faria um monte de votos. Só que o Adroaldo não fez campanha para o deputado. Fomos eu e a Yê chorar nos pés do deputado e conseguimos reverter a situação. Agora, fizeram a licitação e começaram os trabalhos e nem sabíamos - lamentou.

Na mesma linha, Sander Bertozzi (PP) lembrou que no início do governo, Conzatti chegou a pedir aos vereadores empenho na busca por verbas federais.

- No momento em que não se vê nada de valorização por parte do Executivo, devemos ficar preocupados - argumentou.

Texto: Diogo Daroit Fedrizzi/Grupo Encantado de Comunicação
Foto: Reprodução