Câmara de Encantado: Coronavírus e estiagem ameaçam compra de terreno

Os vereadores de Encantado ainda têm dúvida na votação do projeto 22/2020 que autoriza o Executivo a comprar um terreno de 42 mil metros quadrados nas proximidades do Parque João Batista Marchese. O valor do imóvel, que pertence à família Zuchetti, se aproxima dos R$ 3 milhões. Um dos objetivos da aquisição é ampliar a estrutura do Parque para a realização de eventos, sobretudo, a área de estacionamento.
Se antes, alguns parlamentares entendiam que era necessário mais tempo para analisar o texto e buscar novas informações jurídicas, laudos técnicos e avaliações de imobiliárias a respeito do valor de venda, agora, as previsões negativas sobre o futuro econômico devido à pandemia do coronavírus e à estiagem se somam às discussões e colocam mais incertezas quanto à votação da matéria que está no Legislativo desde fevereiro.
Na sessão desta semana, mais uma vez realizada pelo sistema de videoconferência, com os vereadores se conectando de suas casas, Moacir Tramontini (PTB) sugeriu que fosse realizado um tipo de enquete para ouvir a opinião da comunidade. “Minha preocupação é com o momento que vivemos. Não sei se é a hora (de aprovar a compra). Mas é importante saber dos munícipes o que eles pensam a respeito do valor da negociação para termos mais subsídios na hora de votar”, afirmou. “Temos ainda a obra da UTI e esse dinheiro poderia também ser utilizado para esse fim”.
Para Luciano Moresco (PT) e Celso Cauduro (MDB), o prefeito Adroaldo Conzatti deve ser questionado. Moresco sugeriu que a Câmara oficie o Executivo para saber se ainda há interesse em manter o projeto. “Não declaramos calamidade pública (para o coronavírus) porque era modinha. O cenário que era só pela estiagem ruim, ele se transforma em um cenário muito ruim (com o coronavírus)”, ponderou. Cauduro acredita que é necessário esperar para votar. “Antes de o projeto entrar na Casa, o prefeito já tinha mandado a família fazer pressão em nós. Agora, quero saber a opinião dele se quer que a gente aprove ou não”, comentou. Para o político, a possibilidade do aumento no número de pessoas desempregadas vai exigir do governo medidas de auxílio como a distribuição de cestas básicas. “Imaginem quanto o CRAS vai precisar receber de valores! Isso a gente vive na pele todo dia, com amigos nos pedindo dinheiro para comprar uma caixa de leite e remédios ou ainda um vale para ir ao mercado”, acrescentou.
Valdecir Cardoso (PP) também enxerga um futuro preocupante para os municípios, sobretudo, com as previsões de redução de 30% na arrecadação. “Já vemos a diminuição de produção, de venda no comércio, de trabalhos, de obras. Tudo isso vai gerar menos impostos para o município e, talvez, não teremos dinheiro para pagar nossas contas”, alertou. “Antes de pensarmos em comprar qualquer coisa, temos que prever a diminuição de dinheiro. Não sei se seria o momento de discutirmos esse projeto. Precisamos pensar no conjunto da obra”.
O presidente Diego Pretto (PP) lembrou que o Legislativo contratou uma empresa para avaliar o projeto e mais duas imobiliárias para encaminhar informações a respeito do terreno. Porém, o início da pandemia travou o processo. Ao mesmo tempo, Pretto fez um comentário sobre as obras da UTI, ressaltando a necessidade de R$ 1 milhão para finalizar o serviço. Após a destinação de R$ 567 mil por parte do Poder Judiciário, restam R$ 423 mil. “E nós vamos comprar uma área de estacionamento para termos eventos três vezes ao ano?”, questionou.
A favor de votar
Valdecir Gonzatti (MDB) entende que o projeto deve ser liberado para votação na sessão de segunda-feira (13). Ele é contra organizar uma pesquisa de opinião pública. “A Câmara tem representatividade de todos os partidos políticos. Seria um retrocesso jogar esse projeto para a comunidade. Somos eleitos para analisar e votar os projetos. Se a hora é apropriada ou não, quem vai decidir são os vereadores. Não podemos deixar esse projeto parado”, defendeu.
Texto: Diogo Daroit Fedrizzi
Foto: Reprodução/Facebook