“Agora temos instrumentos legais para cobrar melhorias”, afirma prefeito sobre o abastecimento de água em Encantado

O prefeito de Encantado, Jonas Calvi (PSDB), concedeu entrevista, na manhã desta segunda-feira (14), à Rádio Encantado FM 104.7. O chefe do Executivo abordou uma série de assuntos considerados prioritários pela administração municipal.
O tema mais sensível abordado pelo prefeito foi a recorrente falta de água em bairros do município. Segundo o gestor, essa tem sido uma das principais demandas da comunidade nos últimos meses, especialmente em regiões abastecidas pela Estação de Tratamento de Água (ETA).
“Eu também fico sem água. Final de semana estive na mesma situação. Mas agora a gente tem como cobrar. Nós assinamos o aditivo de contrato com a Aegea/Corsan, e com isso conseguimos, pela primeira vez, notificar oficialmente a empresa”, afirmou o prefeito.
Calvi explicou que a municipalidade já realizou notificações formais à concessionária por conta das falhas no abastecimento. “A Corsan agora ou cumpre o que está no contrato ou será penalizada, será multada. Antes não tínhamos esse respaldo legal”, justificou.
Segundo ele, o contrato prevê metas claras determinadas pelo marco legal do saneamento básico, como o alcance de 90% da população com água tratada e 98% com esgoto tratado até 2033. A lei, de abrangência nacional, define prazos para a execução desses investimentos.
O prefeito destacou que as falhas no abastecimento ocorrem principalmente em regiões em expansão urbana, como o bairro Jardim da Fonte, e informou que um novo poço foi perfurado na área do Parque João Batista Marchese, com obras de canalização já iniciadas.
“Já foi aberta a valeta para a tubulação. Nos próximos dias o novo poço será interligado e colocado em funcionamento”, disse. “Hoje o município expandiu, e a rede é antiga. Lugares que antes tinham uma tubulação suficiente, hoje já não comportam mais”.
Além da pressão formal sobre a concessionária, Jonas citou a importância da participação da população em relatar os problemas. “Quando a comunidade nos avisa, conseguimos mapear os pontos de falha e notificar com base em dados reais”.
“Seria muito pior se Encantado não tivesse a parceria com a iniciativa privada”
Durante a entrevista, Jonas Calvi defendeu a modelagem atual da concessão com a Aegea, reiterando que o município não teria condições financeiras de assumir o sistema de abastecimento e saneamento por conta própria.
Ele afirmou que a previsão de investimentos da empresa em Encantado é de R$ 137 milhões, valor próximo ao orçamento total do município, estimado em R$ 160 milhões.
“O que a Aegea vai investir é praticamente o orçamento de um ano inteiro da cidade. Se tivéssemos que assumir isso sozinhos, não teríamos como manter saúde, educação, hospital, escolas. É impossível fazer tudo”, declarou.
Calvi também criticou a politização do tema no período eleitoral de 2024, apontando que o debate sobre o aditivo contratual com a Corsan/Aegea foi distorcido.
Segundo ele, o então candidato Luciano Moresco (PT) e o vereador Diego Pretto (Progressistas) transformaram a discussão técnica em embate político.
“Trataram a questão da água como se fosse uma concessão de transporte coletivo. Não é. Estamos falando de um direito essencial. E, infelizmente, tumultuaram um processo sério por conveniência eleitoral”.
Ele ainda comentou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema na Câmara de Vereadores. Embora tenha reconhecido a competência do Legislativo, o prefeito afirmou que existem outros caminhos legais e administrativos que poderiam ter sido tomados antes da CPI.
“A Câmara representa a comunidade e deve mesmo buscar respostas. Mas a CPI é um instrumento extremo. Poderia ter havido mais diálogo antes disso”, afirmou.
Texto - César Augusto Husak
Foto - Lucas da Rosa