Haddad contraria Gleisi e diz que não é verdade que déficit nas contas faz economia crescer

O Ministro da Fazenda Haddad e a presidente Gleise Hoffmann participaram de Conferência Eleitoral do PT com foco nas eleições de 2024. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divergiu neste sábado (9) da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, sobre a condução da política para as contas públicas. Apesar da pressão da ala política do governo em contrário, o ministro Haddad manteve a posição, nos últimos meses, de zerar o rombo das contas do governo em 2024. Para isso, está em busca de R$ 168 bilhões a mais em arrecadação, avaliando que o déficit nas contas públicas, com um maior volume de gastos, não indica, necessariamente, que a economia irá crescer. Haddad afirmou: "As coisas não são automáticas. Nos oito anos de governo do presidente Lula, tivemos superávit primário de 2%. A economia cresceu 4%. Não é verdade que o déficit faz [a economia] crescer. De dez anos para cá, a gente R$ 1,7 trilhão de déficit. E a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia". A afirmação contrapôs a opinião de Gleise que é defensora de uma maior atuação do Estado para estimular a economia e de uma revisão para que as contas públicas tenham déficit no próximo ano. Consultada ela minimizou as diferenças entre ela e o ministro Haddad. "A gente tem divergências e é normal a gente expor nossa visão e nossa forma de ver. Acho que o ministro Fernando Haddad está fazendo o papel dele com ministro da Fazenda, ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente, que foi exposta de maneira muito tranquila e respeito". Para ela, seria necessária uma "presença maior de ações do Estado brasileiro" para levantar (a economia) em um cenário de queda do investimento privado e de juros básicos da economia ainda elevados. As declarações foram dadas após o PT ter divulgado um comunicado, nesta sexta-feira (8), no qual avalia que não faz nenhum sentido uma pressão por arrocho fiscal, pressão que seria exercida pelo Banco Central. "O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC 'independente' e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país", diz o PT, no documento.
TEXTO – José Raimundo Tramontini
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