O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer “entrevistar” pessoalmente os candidatos às duas diretorias do Banco Central antes de indicá-los aos cargos, segundo fontes do Palácio do Planalto. A data das conversas ainda não está marcada. Lula tem sido aconselhado por interlocutores próximos a privilegiar um economista com bom trânsito no mercado. Um ministro com gabinete no Planalto avalia que é remota a chance de indicação de um economista heterodoxo, com um perfil semelhante ao de André Lara Resende, como gostaria uma ala do PT no Congresso. O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), foi convidado para acompanhar a comitiva de Lula que irá à China no fim da próxima semana. Vanderlan terá papel-chave no processo de análise dos nomes no Senado. A CAE será responsável pela sabatina dos indicados. Se houver resistência dos senadores aos nomes, a sabatina poderá demorar e processo se estender, gerando desgaste ao governo. Dois diretores do BC tiveram seus mandatos concluídos em 28 de fevereiro. Pela lei, eles podem continuar nas funções até a nomeação efetiva dos substitutos, depois do aval dado pelo Senado. O mercado está especialmente de olho na indicação à diretoria de política monetária do BC. A mudança ocorre em um contexto de fortes críticas do PT e do próprio Lula à atual taxa de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nos dias 21 e 22 para decidir a nova Selic, hoje fixada em 13,75% ao ano. Em entrevista à CNN, na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ter levado ao presidente três nomes para compor a diretoria do BC. Ele não revelou quem são essas sugestões. “Eu tenho minha preferência, mas os nomes já estão com ele [Lula] e é ele quem vai decidir”, afirmou Haddad. “Levei um perfil mais acadêmico, um perfil mais técnico e um mais de mercado. Mas todos são pessoas que podem levar ao Banco Central uma contribuição.”

TEXTO - CNN
FOTO - Reuters/Adriano Machado