Desde que iniciou seu terceiro mandato, em janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já gastou mais de R$ 50 milhões com viagens internacionais, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação. Os valores incluem hospedagem, aluguel de equipamentos, telefonia, internet e outros custos logísticos da comitiva presidencial.

Só com hospedagens, o governo desembolsou R$ 47 milhões até maio de 2025. A viagem mais cara deste ano foi a Moscou, para a celebração do Dia da Vitória sobre o nazismo. Apenas a estadia da comitiva brasileira na capital russa custou R$ 1,9 milhão.

Os gastos chamam atenção não só pelo montante, mas também pela frequência das viagens. Em dois anos e meio de mandato, Lula já visitou mais de 30 países. Em 2023, foram 62 dias no exterior — um número bem superior ao de seu antecessor Jair Bolsonaro, que passou 38 dias fora do país em 2019.

Em média, cada dia de viagem de Lula em 2023 custou cerca de R$ 1 milhão aos cofres públicos, somando passagens, diárias e toda a estrutura necessária, segundo a Controladoria-Geral da União.

Apesar das críticas, o presidente defendeu sua agenda internacional. Neste sábado (7), durante entrevista na França, onde participa da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, Lula afirmou que não acompanha os custos detalhados das viagens, mas garante que os benefícios ao país superam as despesas.

"Não sei quanto estou gastando porque não cuido disso. Mas sei o quanto estou levando de volta para o Brasil", declarou.

Segundo ele, os compromissos no exterior são uma forma de atrair investimentos e recolocar o Brasil em posição de protagonismo no cenário global.

“O Brasil precisa deixar de ser pequeno. Nossos embaixadores no mundo têm que pensar grande. A gente não é menor nem inferior a ninguém”, afirmou o presidente.

Entre os destinos mais caros da comitiva presidencial está Nova York, em setembro de 2023. Na ocasião, a estadia no hotel Lotte New York Palace custou R$ 7,7 milhões, além de R$ 6 milhões com aluguel de veículos, salas de reuniões e serviços de tradução.

No total, o Itamaraty gastou R$ 65,9 milhões com viagens em 2023, superando os valores registrados durante os quatro anos do governo anterior. Segundo levantamento da CGU, entre janeiro de 2023 e início de 2025, o governo Lula já desembolsou mais de R$ 4,5 bilhões em viagens oficiais, incluindo todas as pastas — contra R$ 4,1 bilhões no governo Bolsonaro.

Enquanto os custos seguem crescendo, o Planalto sustenta que os resultados econômicos e diplomáticos justificam os investimentos. Mas o debate sobre a transparência e a eficácia desses gastos promete continuar no centro das discussões políticas no Brasil.

TEXTO – José Raimundo Tramontini
FOTO - Ricardo Stuckert/PR